Sala de Imprensa vaticana: reconfigurar a Igreja para otimizar as condições de trabalho. Video do Papa aos jovens.
Padre Modino – Vaticano
A última coletiva de imprensa em que foram apresentados os trabalhos da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade, antes daquela que será usada para apresentar o Documento Final no final do sábado, 26 de outubro, trouxe para a Sala de Imprensa o que foi vivido nas últimas horas, nas quais, como lembrou a secretária da Comissão para a Comunicação, Sheila Pires, o trabalho continuou em vista das emendas ao rascunho do Documento Final, que será lido e votado no sábado, e que já foram entregues, tanto coletivas quanto individuais, à Secretaria do Sínodo.
O Prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, também apresentou a composição e o papel do Conselho Ordinário do Sínodo. O prefeito se referiu a um comunicado enviado aos jornalistas no qual o padre Timothy Radcliffe se posicionou sobre uma controvérsia que havia surgido durante a coletiva de imprensa do dia anterior, esclarecendo sua posição e agradecendo ao cardeal Ambongo por sua defesa.
Os presentes na Sala de Imprensa vaticana assistiram a um vídeo do Papa Francisco dirigindo-se aos jovens, no qual ele lhes disse que “uma das coisas mais importantes é caminhar, quando um jovem caminha tudo vai bem”, o que ele comparou à água, que quando estagna se corrompe, algo que ele aplicou aos jovens. Por isso, ele os convidou a “caminhar sempre, com coragem e alegria”. Também foi informado que o Papa entregou aos participantes da Assembleia Sinodal o livro de Luis Miguel Castillo Gualda sobre Santo Agostinho e sua concepção do bispo no povo de Deus, um tema muito abordado neste processo sinodal.
A autoridade e o papel do bispo na diocese e a seleção dos bispos foi tema de debate no Sínodo, de acordo com o prefeito do Dicastério dos Bispos, Cardeal Robert Francis Prevost, que falou sobre o papel do núncio na identificação dos candidatos ao episcopado. A Assembleia Sinodal questionou como conduzir um processo de busca de candidatos mais sinodal, aberto e participativo. Essa é uma orientação que os núncios recebem, de acordo com o cardeal, que insistiu que os bispos não são apenas administradores, eles têm que ser pastores que caminham com o povo de Deus, caminhando juntos, com alegria. Mas também, os bispos são chamados a serem juízes em vários assuntos relacionados à disciplina, dando origem a uma tensão entre ser pastor e juiz, o que faz parte do papel dos bispos.
“A única autoridade que temos como bispos é a do serviço”, disse o prefeito, lembrando as palavras do Papa Francisco. Um chamado para passar do poder ao serviço, para criar órgãos consultivos, para trabalhar em conjunto para alcançar o maior número de fiéis. É necessário que os bispos conheçam seu rebanho, encontrem tempo para se encontrar com as pessoas e ouvir suas preocupações, formas de ir ao encontro das pessoas que estão à margem, para convidá-las a entrar na Igreja, todos, todos, todos, porque “a Igreja está aberta a todos, temos que ampliar nossa tenda, para que as pessoas saibam que todos são bem-vindos e bem-vindas”, que “todos são convidados a fazer parte da comunidade da Igreja”.
Myriam Wijlens comparou o atual processo sinodal com o fato de reiniciar um computador, o sistema é reconfigurado para otimizar as condições de trabalho. Esse é o convite do Papa Francisco, sob a orientação do Espírito Santo, para otimizar sua tarefa missionária. Inspirada pelo Concílio Vaticano II, a Igreja está refletindo sobre como os vários membros do Povo de Deus, levando em conta diferentes elementos, podem discernir melhor, juntos como a missão confiada à Igreja pode ser mais credível e eficaz, disse a canonista, que destacou como única a participação de todos desde o início.
Um processo que precisa de normas canônicas, segundo a professora da Universidade de Erfurt (Alemanha), enfatizando alguns aspectos, como a necessidade de conferências eclesiais que levem a um discernimento de todo o Povo de Deus, a natureza obrigatória dos conselhos, bem como estruturas permanentes em nível de províncias eclesiásticas e em nível continental. Ele também se referiu à responsabilidade e à transparência em relação a abusos de todos os tipos, que levaram a uma falta de confiança, e ao planejamento pastoral e aos métodos de evangelização. Procedimentos apropriados precisam ser implementados para isso.
Sobre a autoridade doutrinária das conferências episcopais, Gilles Routhier fez uma revisão histórica, falando da necessidade de um debate em todas as direções. A esse respeito, o teólogo canadense esclareceu que isso não significa que cada conferência episcopal tenha autoridade absoluta, mas apenas com limitações, em comunhão com a Igreja, enfatizando que “a conferência episcopal não é autônoma, ela tem que estar em coerência com as outras conferências e com a Sé de Pedro”. Isso porque não se trata de uma fragmentação da Igreja, mas de ensinar a fé comum de uma forma autêntica, que não permanece em um nível abstrato, mas que responde às necessidades de um povo em particular e ajuda a oferecer uma posição adequada.
Por fim, Khalil Alwan destacou que, pela primeira vez, uma Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos convida participantes não-bispos como membros plenos, uma novidade muito apreciada pelos leigos, o que permitiu que ela fosse a melhor expressão do sensus fidei da Igreja universal. O sacerdote maronita contou sobre a especificidade das Igrejas Católicas Orientais e que elas estão em plena comunhão com o Bispo de Roma. Ele especificou os países de onde eles vêm, “para trazer as preocupações de nossas igrejas que estão sofrendo por causa da tragédia das guerras e da hemorragia dos migrantes”. Ele também enfatizou na Assembleia a riqueza da diversidade da Igreja universal, que leva a tecer relacionamentos e construir pontes de diálogo para promover a compreensão mútua e buscar o bem comum, destacando os gestos do Papa Francisco neste momento, que gerou esperança.
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